Obesidade Infantil

Já é consenso que a obesidade infantil vem aumentando significativamente, determinando complicações na infância e vida adulta. Manejar essa verdadeira epidemia está relacionado à mudança de hábitos e à maneira de encarar a alimentação, pedindo aos pais seletividade e calma e aos especialistas uma visão ampla de suas causas e efeitos.

A vida sedentária das crianças, o tempo gasto frente á TV, uma agenda precocemente lotada de compromissos, a dificuldade de brincar na rua e explorar o corpo e o apelo comercial por guloseimas sem nenhum valor nutricional são fatores externos que predispõem a obesidade infantil. O diabetes materno, o ganho de peso gestacional exagerado e a hereditariedade também contribuem para o seu aparecimento.

As conseqüências deste quadro na infância atingem a criança na sua unidade biopsicossocial causando hipertensão, alto colesterol, puberdade precoce e por conseguinte parada do crescimento. À esta situação orgânica  somam-se discriminação social,  afastamento das atividades em grupo, isolamento, dificuldades com a expressão dos sentimentos, baixa auto-estima e problemas escolares. Por trás do “gordinho bonachão” ou da “gordinha engraçada ou invocada” há uma criança que potencialmente sofre.

O ser humano é único em seus ritmos e necessidades individuais e um desenvolvimento harmonioso depende da possibilidade de viver essas peculiaridades sem grandes interferências. Além da finalidade  nutricional a alimentação é uma forma de comunicação entre a mãe e sua criança e depende do que a primeira pode oferecer e do que a segunda pode receber e processar. Pais muito ansiosos não confiam no relógio biológico das crianças e perdem a capacidade de discriminar adequadamente o sentido de determinadas situações. Quando uma criança chora ou está entediada expressa um desconforto de várias origens. Resolvê-lo com comida faz com que esta adquira valor de companhia, sonífero, distração e via de descarga para tensões e temores vários. Pais superprotetores com medo que seus filhos se exponham a perigos físicos limitam o espaço vivencial impedindo a exploração dos limites corporais. Pular, brincar, correr e descansar, saber onde vai meu olhar, meus braços e pernas, enfim conhecer a própria força são experiências com o meio ambiente de valor inestimável.

É preciso que a família e a escola se comprometam com as mudanças quando se trata da obesidade infantil. Refeições sem brigas e longe da TV, de preferência na companhia de adultos com quem se possa conversar sobre as coisas da vida, reforçar os recursos emocionais da criança, reorientando-a para seus interesses e até perguntar do quê ela tem “fome” exatamente podem oferecer a presença necessária ao seu pleno desenvolvimento.

Escrito por:
Colégio do Salvador